Monday, April 14, 2008

E não que a chama se apagou mesmo?

Pois é! 
A chama apagou-se e Zeus - talvez assustado pela facturação da EDP - resolveu enviar-nos uns tornados só para chatear a malta. 
Obviamente que os dois factos não estão ligados, contudo há que reflectir um pouco sobre este tornado de opinião pública que recentemente resolveu levantar-se pelo mundo para chatear a China e a organização dos Jogos Olímpicos. 

Na realidade a questão tibetana caiu agora no goto das pessoas tal como há uns anos atras a questão eleita foi Timor Leste a ocupar as luzes da ribalta. As pessoas agrupam-se em torno de causas de estimação, algo que quem quer vender o que quer que seja usa e abusa diariamente. 
Contudo este factor não retira legitimidade às causas. 

Do outro lado temos um China, num regime que por esta altura  não é carne nem é peixe disfarçado de comunismo imperialista, que está a impor regras num local que consideram como seu, de uma forma que consideram perfeitamente legitimas. 

E no meio temos o Comité Olímpico, que tem uma atitude perfeitamente idiota no meio de tudo isto. Eles apelam para um não aproveitamento político dos Jogos - se bem me lembro os Jogos sempre tiveram uma forte componente política, alias toda a sua criação nada mais foi que um acto político - e dentro desta linha de pensamento e tendo em conta os fortes protestos de Londres e dos ainda maiores sentido em Paris, resolveram extinguir eles próprios a chama Olímpica e reacender num ambiente mais seguro realizando assim, o que a meu entender só pode ser visto como um dos maiores actos de cobardia de toda a história dos Jogos Olímpicos. 

Se as pessoas se pretendem manifestar contra a realização dos Jogos Olímpicos na China quem é o Comité Olímpico para retirar esse direito às pessoas? 
Até parece que as pessoas estavam a cometer uma tentativa de homicídio ou a cometer um acto terrorista avassalador para a raça humana.

Numa pequena nota de rodapé tenho que dizer que afinal esta semana não houveram 2 tornados mas sim 3. O ultimo veio de Coimbra e conseguiu devastar uma catedral da luz que pede ansiosamente o final do campeonato. 
Eu bem tento demonstrar o meu apoio pelo Benfica mas com jogos assim é difícil...

Sunday, April 6, 2008

Ena tanta coisa...

Devido a alguns assuntos pessoas acabei por descurar a escrita deste blog. Talvez a forma de conseguir por tudo isto em ordem seja por fazer uma espécie de apanhado pelos acontecimentos que ocupam a minha memória.

Primeiro e mais evidente por toda a discussão gerada em volta é sem duvida o caso da menina que resolveu ter um ataque de histeria quando a professora a privou do seu amado telefone. 
Por esta altura do campeonato já muita coisa foi escrita e dita sobre o assunto, houve vários debates televisivos, na minha mente fica a noção que isto é fruto de uma incapacidade dos pais se conseguirem adaptar aos desafios que lhes são colocados, neste caso o desafio de educar as suas pequenas criancinhas. 
Não sei porque mas as vezes parece-me perigoso escrever na mesma frase pais e educar quando a opinião geral passa por uma demissão dos pais desta função e um empurrar das mesmas para a classe profissional dos professores e ao mesmo puxando a autoridade debaixo dos pés dos professores causando um verdadeiro colapso do sistema.

Segundo, a estrondosa queda do IVA no todo 1%.
Honestamente não percebi. É uma diferença muito grande para as receitas do governo e demasiado pequena para o bolso de quem paga o IVA. Como ponto positivo é que ao menos não subiu. 

Terceiro, Porto campeão 2007/2008. 
Contra factos não há argumentos e de facto se há equipa que este ano mereceu ganhar foi o Porto. 

Quarto, Tocha Olímpica vs Protestos Pró-Tibete.
Tenho de admitir que há uma parte de mim que gostava de ver alguém a conseguir apagar a Tocha Olímpica, só para ver o que aconteceria. Se calhar Zeus chateava-se e atirava um raio contra qualquer coisa. 

Sunday, March 16, 2008

O estado a que chegámos

Durante o debate promovido pelo programa da RTP 1 Prós e Contras sobre a República vs Monarquia houve uma frase que ficou retida na minha memória, peço desculpa pela pobre reprodução, a minha memória não chega para todas as encomendas, mas era uma frase que dizia mais menos isto: "hoje em dia vivemos num estadão ou nas palavras de Salgueiro Maia vivemos no estado em que chegámos." 

Isto de alguma forma ilustra perfeitamente outras situações que experimentei durante toda a semana. 

Primeiro: Ordem dos Arquitectos. 

O estado do edifício da Ordem dos Arquitectos chocou-me. 
Logo para começar nunca gostei da localização dele, nas traseiras do mercado da ribeira, numa zona que precisa desesperadamente de ser reabilitada, sem estacionamento, sem nenhum atractivo e bastante criminalidade. 
Em cima de tudo isto o edifício está feio, degradado e a sofrer as consequências do facto de ser um edifício que não serve minimamente as necessidades dos arquitectos. 
O exterior do edifício não sabe o que é uma limpeza à vários anos. Ironicamente ali seriam os banhos de S. Paulo.
O interior do edifício não sabe o que são obras de manutenção, provavelmente por não ter acesso à biblioteca durante a hora de almoço. 
O bar está encerrado por falta de interessados na exploração do bar, o que nada me surpreende tendo em conta a localização, tamanho do bar e quantidade de clientes possíveis. 
A livraria parece algo divorciada da Ordem dos Arquitectos, mas também tendo em conta que a sua única ligação interior é um corredor onde os arquitectos tem de ficar a tratar dos seus assuntos de secretaria, compreendo tal desunião. 
E pelo que vi eu deveria ser o único arquitecto presente no local que não trabalhava na Ordem. 
As conclusões são simples o edifício da Ordem dos Arquitectos pura e simplesmente não serve para a sua função. Para mim o edifício da Ordem deveria ser um local de encontro, deveria ter condições e servir de união para a classe. 
Contudo tenho de admitir que ao mesmo tempo em que o estado calamitoso do edifício me assusta, também acho que é um espelho perfeito da Ordem dos Arquitectos neste momento. 
Ficam os meus votos de esperança para que a recém eleita direcção da Ordem dos Arquitectos consiga mudar o estado da Ordem e do seu edifício, quiça mudando-se para outra localização mais condigna? 

Segundo: o jogo Getafe-Benfica.

Só posso dizer que benfiquista (eu incluído) por estes dias sofre e muito.

Terceiro: PSD
Aqui quem sofre somos todos. É uma pena que o partido que se assume como a principal oposição ao actual governo tenha uma liderança tão fraca, que vem assumir glórias pelo desgaste das políticas do governo. 
O desgaste tem sido causado pelo próprio governo e pela forma como impõem medidas austeras(algumas delas necessárias) sem as explicar à população. A realidade é que nenhum desse desgaste foi causado por medidas ou questões colocadas pela oposição feita pelo PSD, que está mais entretido em guerras internas do que a fazer o que era suposto fazer. 

Não queria acabar este post com o lado trágico-derrotista a vir ao de cima, o que é algo complicado, tendo em conta tudo o que escrevi. Das três a única em que tenho alguma réstia de esperança que se modifique é que o Benfica se organize e tenha um laivo de arte e engenho para se agarrar com unhas e dentes ao segundo lugar do campeonato... 

Saturday, March 8, 2008

O sermão dos peixes ao Santo António

Algures durante a minha inocência, provavelmente quando frequentei a escola Padre António Vieira, ouvi falar de um sermão de Santo António aos peixes.  Na minha cabeça cedo se formaram imagens de um homem simples parado junto a uma margem a pregar uma valente seca a um bando inocente de peixes, que pouco ou nada tinham a ver com o assunto, e que provavelmente estariam lá a tentar perceber o que quereria aquele homem com eles. Tenho de admitir que só tive consciência sobre o que realmente era aquele sermão bastante mais tarde.
 
Hoje em dia a situação mudou. A inocência já não é tão inocente, os homens já não são tão simples, e os peixes ficaram bastante mais espertos. Aliás os peixes ficaram tão espertos que em vez de se limitarem a ouvir começaram a falar e a fazer os seus próprios sermões. 
Veja-se o que aconteceu hoje na manifestação dos professores. 
 
 
Temos de um lado um belo e numeroso cardume, que segundo os números avançados pelos sindicatos chegou ao belo número de 100 mil professores (e outros) que resolveram pregar o seu sermão de indignação. 
Do outro lado temos uma mulher que argumenta que o número de 100 mil peixes... perdão... professores, "não é relevante".
  
Claro que isto disto assim e somente assim pode provocar reacções mais a quente, mas a realidade é que a senhora Ministra da Educação tem toda a razão porque para ela até se fossem somente mil professores já seriam muitos, e que o essencial é que os professores não estão satisfeitos. 
  
Na minha imaginação sempre calculei que os peixes percebiam que aquele homem, ali especado diante deles a falar, deveria estar realmente insatisfeito, contudo sempre duvidei da sua capacidade ou disponibilidade para saberem realmente o porquê dessa insatisfação.
Eu, ao contrário de muitos, não questiono a capacidade de compreensão da Ministra da Educação, questiono sim a sua real disponibilidade. 
Já lá vão uns meses desde que se começou a assistir a esta novela da educação e desde cedo que se verificaram episódios em que os professores manifestaram a sua insatisfação, muitos deles com mais actores do que os tais mil referidos pela senhora ministra. E só agora a senhora ministra descobriu a insatisfação dos professores? 
  
  
Apesar do grau de pureza da inocência já não ser o quer era, tenho que admitir que há pormenores em tudo o que está a acontecer que me faz acreditar nela, pelo menos por parte dos professores. 
  
Numa das reportagens televisivas deram a hipótese aos professores de colocar questões directamente à Ministra da Educação, e todas as questões colocadas foram... vou utilizar a palavra inflamadas. Com um condão especial de todas elas não acrescentarem nada de especialmente interessante ao debate que se pretende e de permitirem uma saída airosa e leve à principal visada. 
  
  
Enfim o debate já vai longo, este texto também, portanto em jeito de conclusão, tenho que dar razão à Ministra quando diz que as reformas na educação são necessárias, havendo um consenso geral de que o estado geral da educação em Portugal tem andado muito perto do calamitoso. 
É preciso alguma coragem para mudar os mecanismos e , infelizmente, a mudança incomoda muita gente, que não vai ficar parada de braços cruzados sem montar alguma oposição. 
A inteligência de um governante é demonstrada pela sua capacidade de ouvir e perceber, no meio de tantas criticas e oposição, os pontos que apontam para os problemas graves, ou que de alguma forma podem melhorar e trazer mais valias às políticas. 
  
  
Acredito que quando os peixes interpelaram o Santo António com tão ruidoso sermão, o fizeram com a intenção de melhorar um sistema onde são elemento definidor e elemento dependente, portanto, e para o bem geral, espero que o sermão dos peixes chegue ao Santo António, e este, como homem inteligente que é, deve reflectir sobre ele sem julgamentos prévios de razão, de certo ou errado. 
O fruto dessa reflexão será benéfico para todos. 
  
  
Referências úteis: