Sunday, March 16, 2008

O estado a que chegámos

Durante o debate promovido pelo programa da RTP 1 Prós e Contras sobre a República vs Monarquia houve uma frase que ficou retida na minha memória, peço desculpa pela pobre reprodução, a minha memória não chega para todas as encomendas, mas era uma frase que dizia mais menos isto: "hoje em dia vivemos num estadão ou nas palavras de Salgueiro Maia vivemos no estado em que chegámos." 

Isto de alguma forma ilustra perfeitamente outras situações que experimentei durante toda a semana. 

Primeiro: Ordem dos Arquitectos. 

O estado do edifício da Ordem dos Arquitectos chocou-me. 
Logo para começar nunca gostei da localização dele, nas traseiras do mercado da ribeira, numa zona que precisa desesperadamente de ser reabilitada, sem estacionamento, sem nenhum atractivo e bastante criminalidade. 
Em cima de tudo isto o edifício está feio, degradado e a sofrer as consequências do facto de ser um edifício que não serve minimamente as necessidades dos arquitectos. 
O exterior do edifício não sabe o que é uma limpeza à vários anos. Ironicamente ali seriam os banhos de S. Paulo.
O interior do edifício não sabe o que são obras de manutenção, provavelmente por não ter acesso à biblioteca durante a hora de almoço. 
O bar está encerrado por falta de interessados na exploração do bar, o que nada me surpreende tendo em conta a localização, tamanho do bar e quantidade de clientes possíveis. 
A livraria parece algo divorciada da Ordem dos Arquitectos, mas também tendo em conta que a sua única ligação interior é um corredor onde os arquitectos tem de ficar a tratar dos seus assuntos de secretaria, compreendo tal desunião. 
E pelo que vi eu deveria ser o único arquitecto presente no local que não trabalhava na Ordem. 
As conclusões são simples o edifício da Ordem dos Arquitectos pura e simplesmente não serve para a sua função. Para mim o edifício da Ordem deveria ser um local de encontro, deveria ter condições e servir de união para a classe. 
Contudo tenho de admitir que ao mesmo tempo em que o estado calamitoso do edifício me assusta, também acho que é um espelho perfeito da Ordem dos Arquitectos neste momento. 
Ficam os meus votos de esperança para que a recém eleita direcção da Ordem dos Arquitectos consiga mudar o estado da Ordem e do seu edifício, quiça mudando-se para outra localização mais condigna? 

Segundo: o jogo Getafe-Benfica.

Só posso dizer que benfiquista (eu incluído) por estes dias sofre e muito.

Terceiro: PSD
Aqui quem sofre somos todos. É uma pena que o partido que se assume como a principal oposição ao actual governo tenha uma liderança tão fraca, que vem assumir glórias pelo desgaste das políticas do governo. 
O desgaste tem sido causado pelo próprio governo e pela forma como impõem medidas austeras(algumas delas necessárias) sem as explicar à população. A realidade é que nenhum desse desgaste foi causado por medidas ou questões colocadas pela oposição feita pelo PSD, que está mais entretido em guerras internas do que a fazer o que era suposto fazer. 

Não queria acabar este post com o lado trágico-derrotista a vir ao de cima, o que é algo complicado, tendo em conta tudo o que escrevi. Das três a única em que tenho alguma réstia de esperança que se modifique é que o Benfica se organize e tenha um laivo de arte e engenho para se agarrar com unhas e dentes ao segundo lugar do campeonato... 

2 comments:

João Morgado said...

E quantos edifícios não servem a sua função? Quantos são os hospitais convertidos em Pousadas?

Com tanto arquitecto, parece-me penoso que sofram de tais problemas construtivos e funcionais. Acaba por reflectir o empenho de toda esta 'equipa' que deveria ser a Ordem.

E depois debatem planos estrutura e planos de transformação urbana... que moral têm eles para dizer o que quer que seja se a própria Sede é uma 'desordem'?

;)

margarida said...

oh João... é a lei do "desenrasca". não há dinheiro para construir novo, logo "dá-se um jeitinho" e é ver hospitais naquilo que antigamente foi um quiosque...(estou a exagerar, pois...) mas é quase assim.